Rios e córregos da Região estão na UTI, diz USCS

CRISE

 

Pesquisa faz raio X da situação dos corpos d´água do ABCD; Billings e Tamanduateí pedem socorro.

 

 

Pesquisa anual do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), realizada por uma divisão do departamento de saúde ambiental da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), indica que rios e trechos das bacias hidrográficas da Região estão muito abaixo do pior nível estipulado pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) em conformidade com os parâmetros da resolução 357.

A resolução de 2005 apresenta uma tipificação de corpos de água em quatro níveis, sendo o primeiro o melhor deles. Já o quarto seria apropriado apenas para paisagismo e locomoção fluvial. Para que diversos dos corpos do ABCD estivessem no último patamar seria necessário que tivessem no mínimo 2 mg/l de oxigênio. Entretanto, o número chega a ser decimal em vários córregos e rios locais.

“Noventa por cento do rios do ABCD são piores que a classe 4, ou seja, puro esgoto a céu aberto”, expôs a bióloga e ambientalista Marta Marcondes, uma das coordenadoras responsável pela pesquisa feita em parceria com a ONG SOS Mata Atlêntica, Dan Robson e a empresa Prominent.

BILLINGS

O maior exemplo hídrico das condições regionais é o da represa Billings, que se ramifica em afluentes e está presente e só não está presente em São Caetano. Em maio de 2016, encerradas as expedições do IPH, 166 pontos da represa foram visitados, coletados e, posteriormente, analisados. No mesmo período de 2015 o mesmo ocorreu.

A Billings é classificada como classe 2: serve para abastecer consumo humano após tratamento convencional e irrigar frutos e hortaliças. Mas ao comparar a águas dos 166 pontos com os critério da classe 2, o IPH apontou apenas 41 pontos em bom estado contra 23 em 2015. 68 foram os pontos regulares em ambos os anos. 32 ruins, 21 péssimos em 2016. No passado foram 42 ruins, 31 péssimos.

“Apesar da melhora aparente é preciso frisar que em função da seca do ano passado, o novo nível de água proveniente das chuvas renovou parte da água poluída”, alertou Marta Marcondes. A bióloga mencionou que o Ribeirão dos Couros, São Bernardo/Diadema, Rio dos Meninos, SBC/SCS/SP, Córrego Utinga e Córrego do Oratório, SA, e o Rio Tamanduateí estão todos abaixo da classificação 4.

TAMANDUATEÍ

Os 35 km do Tamanduateí que cruzam Mauá, Santo André, São Caetano e São Paulo, de acordo com a pesquisa, tiveram 29 pontos analisados. Apenas três em bons estados e todos na nascente em Mauá. Os demais são péssimos. O Tamanduateí é rico em bactérias que causam graves doenças. A pesquisa leva em consideração análises físicoquímicas e microbiológicas, bem como socioambiental e o foco é sempre regional com destaque para a Bacia Billings-Tamanduateí.

PETIÇÃO

Em junho de 2016, o IPH lançou a campanha Saneamento Já com o intuito de coletar um milhão de assinaturas para reivindicar junto ao CONAMA a erradicação da classe 4 como algo tolerável no Brasil. “É preciso mudar a legislação e essa petição nos daria voz neste órgão que possui autonomia de criação de leis.” Veja a petição clicando aqui.

Basicamente, o que suja os rios locais são resíduos industriais, esgoto de moradias e coliformes fecais que usam os corpos d´água como canal de despejo. O problema é que essa água é coletada pelas estações de tratamento que, conforme Marcondes, “não usam possuem a tecnologia suficiente para barrar certas bactérias, metais pesados e remédios que voltam para nosso abastecimento”.

Fonte: ABCDMAIOR.COM